Entrevista a Piers Morgan. Cristiano Ronaldo "chorou muito" a morte de Diogo Jota

A aguardada segunda parte da entrevista de Piers Morgan a Cristiano Ronaldo trouxe à tona uma série de declarações. O craque português voltou a criticar o Manchester United, falou das questões pessoais, o luto e ausência no funeral após a morte de Diogo Jota e o irmão.

Rui Alexandre Mendes - RTP /
Reuters

O jogador do Al Nassr e da seleção nacional abordou, pela primeira vez em profundidade, a morte de Diogo Jota. "Estava com a Gio no período de descanso, estávamos no ginásio. Não queria acreditar, chorei muito. A Gio pode confimar isso. Foi muito, muito difícil para a família, amigos. Foi devastador", garantiu.

Questionado sobre a sua ausência no funeral do antigo colega de seleção, Ronaldo revelou ter "duas coisas" a dizer sobre a sua não comparência, sem, no entanto, as detalhar completamente, deixando no ar a sua explicação.

"Duas coisas. As pessoas criticam-me muito, não quero saber. Quando tens a consciência tranquila não tens de te preocupar com aquilo que dizem. Depois da morte do meu pai, nunca mais estive num funeral. E onde eu vou é um circo. Não vou porque, se for, a atenção vai para mim"

E acrescentou que "as pessoas podem continuar a criticar, senti-me bem com a minha decisão. Não preciso de estar na primeira fila. Estou a pensar na sua família, não preciso de estar nas câmaras para verem o que estou a fazer", acrescentou.

Questionado por Piers Morgan sobre como era o Diogo Jota, Cristiano Ronaldo respondeu: "Um rapaz calmo, um grande jogador. Gostei de partilhar grandes momentos com ele. Foi triste. Tive a oportunidade de falar com a família para dar apoio. Temos de aproveitar a vida".
A tragédia pessoal
​Um dos momentos mais emotivos da entrevista centrou-se na tragédia familiar da perda de um dos filhos gémeos com Georgina Rodríguez. Ronaldo descreveu o período como "muito difícil" e como esse evento fortaleceu a relação com a noiva.
Relação com o Manchester United e o técnico Erik ten Hag
Cristiano Ronaldo voltou a falar do Manchester United não poupando críticas à estrutura e ao comando técnico do clube inglês. O capitão das quinas afirmou que não tem respeito por Erik ten Hag porque este, segundo o jogador, "não lhe mostrou respeito". "Se tu não tens respeito por mim, nunca vou ter respeito por ti", disse, referindo que se sentiu provocado e excluído.

Ronaldo afirmou ainda que, ao regressar ao United, esperava ver melhorias, mas viu que "mesmo o ginásio, a tecnologia, os chefes" continuam como há muitos anos. 

Acusou ainda os donos, a família Glazer, de não se importar verdadeiramente com o clube. "Para mim, este é um clube de marketing, ganham dinheiro com marketing e não com o desporto", concluiu.
Relação com Alex Ferguson
Na entrevista foi também abordada a relação com Alex Ferguson, com cristiano Ronaldo a referir que "está no meu coração", acrescentando que "quando estava em Manchester, falava mais com ele. Vinha a minha casa. É um grande homem. Vou tê-lo sempre no meu coração, ajudou-me na minha carreira".
O melhor de todos os tempos
Sobre a pergunta de Piers Morgan se Cristiano Ronaldo ganhou o direito de ser considerado o melhor de todos os tempos, o craque português foi rápido na resposta. "Claro. Mas não quero saber disso. A história fala por si. Não há problema. Ganhámos três títulos para Portugal. Estou muito feliz."

Em resposta à questão sobre marcar o seu golo 1000 no Mundial, Ronaldo referiu que "não estou a pensar nisso. Se me perguntares, Cristiano, é um sonho ganhares o Mundial? Não é um sonho. Ganhar um Mundial não vai mudar o meu nome na história. Não vou mentir. O que tenho a certeza é que estou a aproveitar o momento, aprendi com o tempo que o momento é o mais importante. Ainda não estamos qualificados. Joguei com a Hungria em Alvalade, talvez tenha sido o último lá. Nunca saberemos. A minha família estava lá. Venci três títulos por Portugal".

Sobre comparações com Lionel Messi, afirmou que o argentino é um jogador "mágico", mas manteve que não aceita automaticamente que Messi seja "melhor".

Sobre a sua carreira, O capitão da seleção nacional afirmou que quer "jogar dois-três anos mais, quero terminar bem." ​Quanto à altura de 'pendurar as chuteiras', o internacional português admitiu que esse momento "está cada vez mais perto" e que a reforma será difícil. ​"Provavelmente vou chorar", disse Ronaldo.
Casamento e reforma
​A entrevista também abriu ao casamento do craque português. Ronaldo confirmou que o casamento com Georgina Rodríguez, mãe de alguns dos seus filhos, está a ser planeado, mencionando que a iniciativa partiu das suas filhas e que a cerimónia poderá acontecer após o Mundial de 2026.
A mulher que lhe dava hambúrgueres e um encontro inesperado no aeroporto
Quando estava na Juventus, Cristiano Ronaldo contou numa entrevista que, no início da carreira, quando estava na Academia do Sporting, ia com um amigo ao McDonald's onde uma senhora lhes dava de comer. 

A história foi trazida de novo à tona na entrevista a Piers Morgan. Cristiano Ronaldo contou o momento em que reencontrou essa senhora.

"É engraçado. Estávamos numa área privada e um dos meus amigos disse para eu olhar. Sabes quando vês alguém e reconheces mesmo após 20 anos? Dei um grande abraço à rapariga. A Gio estava comigo, os meus filhos 'papá, quem é?'. Contei a história à minha família. Naquele momento senti que a vida é uma caixa de surpresas. Foi bom. Falei com os meus amigos, vamos fazer algo especial. Prometi-lhes. Já temos o seu número", contou.

A conversa conduzida pelo jornalista britânico Piers Morgan passou também pelo assunto ​Donald Trump. Cristiano Ronaldo manifestou a vontade de conhecer o Presidente norte-americano, "Se tiver a oportunidade, gostaria de falar com ele. Aqui, nos Estados Unidos, onde for. Espero sentar-me com ele. Gosto dele porque pode fazer com que as coisas aconteçam", afirmou.
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